No momento em que o presidente da Câmara Federal fala com entusiasmo sobre tocar em frente a tal Reforma Administrativa, relembro de um Congresso sobre o tema “Reformas e Justiça Social”, realizado pelo Fisco do Rio Grande do Norte.
Nele, Rudinei Marques lembrou o momento que vivemos no Brasil e no mundo, de aumento da pobreza e de aprofundamento da desigualdade social, e destacou a importância de fortalecer o serviço público: “Quem, se não o Estado, vai enfrentar uma crise social, sanitária, econômica e na educação? O serviço público nunca foi tão necessário”.
Além disso, listou os avanços conquistados na última versão do relatório, com mobilização e engajamento das entidades afiliadas ao Fonacate, mas ponderou que a proposta ainda é ruim e deve ser combatida.
Claramente os objetivos da tal reforma estão bem distanciados do bem estar da sociedade, não busca o fortalecimento dos serviços públicos e muito menos a valorização dos servidores.
Ao contrário, esvazia e sucateia uma estrutura que levou anos para se formar e que funciona em todo o Brasil. E tenta agradar a iniciativa privada, como já se faz com a previdência após a aprovação da sua reforma. Hoje, por exemplo, o que mais você recebe é propaganda de previdência privada, com lucros que enriquecerão ainda mais os banqueiros e as financeiras.
O servidor público deve ter a noção exata da sua importância e do seu papel na sociedade e não se calar diante da verdadeira campanha que se faz nesse país, tentando demonizar essa profissão, enfraquecendo qualquer tentativa de luta.
O servidor é um trabalhador como outro qualquer, só que público. Ele existe para servir ao público e deve ser por isso remunerado. Qual o mal nisso? Talvez o que incomode aos trabalhadores da iniciativa privada, a determinados políticos e aos exploradores da força de trabalho seja a estabilidade e alguns salários mais altos.
Mas por que isso incomoda? Primeiro porque não escolheram essa missão ou por não terem logrado êxito nos concursos públicos. Aos políticos porque gostariam de nomear os seus cabos eleitorais muito além dos cargos comissionados ou terceirizados ainda existentes. E aos patrões porque escancara o quanto pagam pouco aos seus empregados. Ter alguém ganhando R$ 20 mil incomoda a quem ganha R$ 2 mil, e mostra o quanto o seu patrão não lhe valoriza.
Cabe ao servidor se impor com mais firmeza, mostrar a cara, escrever artigos, ocupar espaços na mídia e mostrar o seu valor. Tem servidor que sequer fala da sua importância para a esposa ou filhos. Se posicionar é um dos caminhos, a começar pelos seus familiares e amigos. Mostre o que você faz e o quanto isso reflete positivamente junto à coletividade. Quando o servidor se acovarda e cruza os braços, à espera de alguém que lute por ele, é um prato cheio para ser destruído.
Isso serve também para os “líderes classistas” que se calam, que cruzam os braços e que atuam como pelegos pelo simples fato de querer apenas agradar ao seu líder político.
Quanto ao salário, que deve gratificar corretamente a sua atuação, vale mostrar os cursos que você fez e a sua qualificação. Ou seria justo você concluir dois ou três cursos superiores, uma pós ou um mestrado, e ganhar R$ 2 mil reais?
Não seria melhor tentar lutar por valorização salarial de todos em vez de tentar nivelar por baixo os salários?
Certamente lutar por direitos e por salário justo é dever de todos e ninguém deve se envergonhar por isso. O que querem é jogar a sociedade contra os trabalhadores públicos, e isso é injusto e traiçoeiro.