Movimentar-se ao ar livre traz vários benefícios a saúde cardiovascular, muscular e mental, mas exposição contínua ao sol sem proteção pode trazer riscos. Regiões tropicais como o Basil, registra altos índices de radiação ultravioleta (UV), o que aumenta a possibilidade de queimaduras solares, fotoenvelhecimento e câncer de pele.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 9 em cada 10 casos de câncer de pele
poderiam ser prevenidos com medidas corretas de proteção solar. JAMA Dermatology
publicou em 2020 artigo demonstrando que, atletas com práticas ao ar livre têm uma
incidência até 2 vezes maior de câncer de pele, em comparação com a população geral.
A proteção solar deve ser um cuidado essencial para quem se movimenta ao ar livre.
Vanguarda do Norte: Qual o impacto da exposição solar sem proteção adequada na pele de quem pratica esportes ao ar livre?
Dr. Amaral: A radiação UV penetra a pele e gera radicais livres, que danificam o DNA
celular e aceleram o processo de envelhecimento cutâneo, o suor pode aumentar a
fotossensibilidade, tornando a pele mais vulnerável a queimaduras solares e
inflamações. Estudos publicados em 2021 no The American Journal of Sports Medicine,
apontam que a exposição prolongada ao sol sem proteção aumenta até 60% no risco de
melanoma em praticamente de esportes ao ar livre regularmente segundo.
VDN: Quais são os tipos de radiação solar e seus efeitos na pele?
Dr. Amaral: A radiação UV se divide em três tipos:
– UVA: Representa 95% da radiação UV que atinge a Terra. Penetra profundamente na
pele, acelera o envelhecimento e contribui para o câncer de pele.
– UVB: Responsável pelas queimaduras solares e danos diretos ao DNA, aumentando o
risco de câncer. Sua intensidade varia conforme o horário e a altitude.
– UVC: Bloqueada pela camada de ozônio, não chega à superfície terrestre.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a exposição ao sol sem proteção
estimula a produção de radicais livres, que danificam as células e podem levar ao câncer
de pele.
VDN: Como escolher um protetor solar adequado para a prática esportiva?
Dr. Amaral: Um bom protetor solar para atletas deve ter:
Fator de Proteção Solar (FPS) 30 ou superior – Bloqueia pelo menos 97% dos raios UVB.
FPS 50 bloqueia cerca de 98%.
Proteção UVA e UVB (Certificação contra ambos os tipos de radiação).
Resistência à água e ao suor, evita que o produto saia facilmente durante o treino.
Textura leve (gel, loção oil-free ou spray), reduz a obstrução dos poros e melhora a
aderência à pele. Segundo Harvard Medical School (2022), protetores solares com
óxido de zinco e dióxido de titânio oferecem proteção física mais estável, ideal para
quem pratica esportes ao ar livre.
VDN: Qual é a forma correta de aplicar o protetor solar antes dos treinos ao ar livre?
Dr. Amaral: Aplicar 15 a 30 minutos antes da exposição ao sol para garantir absorção.
Aplicar 2 mg de protetor solar por cm² de pele (aproximadamente uma colher de chá
para rosto e pescoço, e uma colher de sopa para braços e pernas).
Reaplicar a cada 2 horas, ou antes caso suor excessivo ou maior contato com água.
Estudo do British Journal of Dermatology (2021) demonstrou que a maioria das pessoas
aplica apenas 25 a 50% da quantidade recomendada de protetor solar, reduzindo assim
significativamente a eficácia do produto.
VDN: Além do protetor solar, quais são outras formas de proteção contra os raios UV?
Dr. Amaral: Além do uso de protetor solar, é essencial para atletas com exposição ao sol
adotar medidas complementares de proteção como roupas com proteção UV, tecidos
com FPS embutido podem bloquear até 98% da radiação UV segundo a Skin Cancer
Foundation. Acessórios como bonés, viseiras e óculos escuros com proteção UV,
ajudam a proteger de danos oculares, como catarata e degeneração macular. Evitar
exposição solar em horário de maior incidência de radiação.
VDN: O uso frequente de protetor solar afeta a absorção de vitamina D?
Dr. Amaral: O uso diário de protetor solar não reduz significativamente a síntese de
vitamina D, pois a radiação UVA ainda penetra a pele em pequenas quantidades, estudo
do British Journal of Dermatology, demonstrou que mesmo com FPS 50, ainda ocorre
síntese suficiente de vitamina D.
VDN: Qual é o risco de câncer de pele entre atletas que se expõem ao sol sem proteção?
Dr. Amaral: O JAMA Dermatology em 2021 publicou que corredores e ciclistas que se
expõem frequentemente ao sol têm um risco 2 a 3 vezes maior de desenvolver câncer de
pele. O risco é ainda maior para esportes aquáticos, onde a radiação refletida pela água
aumenta a exposição total até 30%.
VDN: O uso de antioxidantes pode ajudar a minimizar os danos do sol na pele?
Dr. Amaral: Sim. Antioxidantes neutralizam os radicais livres gerados pela radiação UV.
Alimentos ricos em Vitamina C e E presentes em frutas cítricas, nozes (reduzem a
degradação do colágeno), betacaroteno presente na cenoura, abóbora, (auxilia na
fotoproteção endógena), polifenóis presentes no chá verde, cacau, (reduzem
inflamação cutânea). Cremes tópicos com vitamina C podem reduzir o eritema solar em
40% após exposição ao sol (Journal of Investigative Dermatology, 2021).
VDN: Quais são os sinais de alerta para danos solares graves na pele?
Dr. Amaral: Manchas escuras ou pintas que mudam de cor, tamanho ou formato. Feridas que não
cicatrizam após 4 semanas.
Descamação ou textura áspera persistente. Caso perceba qualquer alteração, é
fundamental procurar um médico. A proteção solar é indispensável para quem pratica
esportes ao ar livre.
Medidas simples como uso adequado de protetor solar, roupas
apropriadas e horários estratégicos de treino são essenciais para evitar danos cutâneos
a longo prazo. Proteger-se é investir na sua saúde e na sua prática esportiva.
Dr. Ricardo Amaral Filho (@amaralfilho) – Mestre em Educação e Saúde | Médico de Família
e Comunidade | Medicina do Esporte