O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) negou que houvesse um grupo de trabalho na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que abordasse as urnas eletrônicas utilizadas no sistema eleitoral.
Ramagem foi diretor-geral da Abin no governo de Jair Bolsonaro (PL). Hoje, ambos são réus no Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que mira uma tentativa de golpe de Estado contra o resultado da eleição de 2022.
“Um grupo de trabalho na Abin é sempre formal. Mas, também pode ser informal. Acontece de ser. É raro. Mas, não houve grupo de trabalho nenhum”, afirmou, durante interrogatório na Primeira Turma do STF, nesta segunda-feira (9).Play Video
O ex-diretor da Abin respondia ao ministro Alexandre de Moraes em relação ao arquivo “Bom dia Presidente.docx”, vinculado a um e-mail de Ramagem e que havia sido criado em 2010 e modificado em 2021.
No documento, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), “é relatada a criação de um grupo técnico para desacreditar as urnas eletrônicas”.
Trecho do documento fala em reunião de “grupo técnico, de confiança, para trabalho de aprofundamento da urna eletrônica”.
“A questão é exatamente essa: confiança e segurança. Já há como concluir que será apontada vulnerabilidade na transparência técnica e na governança exclusiva do tribunal”, diz, ainda.
Segundo Ramagem, o arquivo se tratava de uma “anotação”. “E não uma mensagem para ser encaminhada”, disse.
Sobre o “grupo técnico”, Ramagem disse que a referência se tratava de conversas sobre a possibilidade de a Abin participar do Teste Pública de Segurança (TPS).
Os TPSs são organizados pela Justiça Eleitoral para que agentes externos testem a seguranças do sistema eleitoral eletrônico.
Ramagem disse que conversou com funcionários da agência sobre a Abin “tentar” participar do teste, mas que, recebendo a análise de que não haveria “tempo hábil”, a ideia foi deixada de lado.
“Não há aqui um argumento deletério contra a urna”, afirmou Ramagem.