BRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa do deputado federal e aliado Alexandre Ramagem (PL-RJ), investigado pela Polícia Federal.
Por meio de sua lista de transmissão no WhatsApp, Bolsonaro chama a ação da PF de “perseguição implacável”. Bolsonaro também compartilhou um vídeo no qual Ramagem se defende.
Leia mais: Lula sanciona orçamento com verba para política LGBTQIA+ de R$ 27,2 milhões
Ex-diretor da Abin na gestão Bolsonaro, o deputado é investigado por integrar uma organização criminosa que teria se instalado na agência com o intuito de, ilegalmente, monitorar autoridades.
Inclusive ajudando o filho do ex-presidente, o senador Flávio, que nega favorecimento.
Operação da Polícia Federal
Na operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (25) para apurar um suposto monitoramento ilegal pela Abin durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a Polícia Federal apreendeu equipamentos que pertencem à agência de inteligência.
A informação foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pela CNN.
Durante o mandado de busca e apreensão, os policiais apreenderam seis celulares e quatro notebooks, sendo que um celular e um notebook pertencentes à Abin.
Ramagem foi chefe do órgão de inteligência entre 2019 e 2021 e não tem mais nenhuma relação com a Abin.
A PF, no entanto, também apreendeu na casa do parlamentar 20 pen-drives e documentos relacionados ao órgão.
De seu gabinete na Câmara dos Deputados, foram levados computadores, inclusive de assessores, e mais documentos com dados sobre a Abin.
Além de Ramagem, sete policiais federais e três servidores da Abin foram alvos da PF nesta quinta. A Operação Vigilância Aproximada é um desdobramento da Operação Última Milha, realizada em outubro do ano passado.
Ao todo estão sendo cumpridos 21 mandados de busca e apreensão. A operação investiga organização criminosa que teria se instalado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.
o que apontam as investigações
Por meio do sistema chamado First Mile, conforme a Polícia Federal, agentes da Abin monitoravam até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa.
O software israelense foi adquirido durante o governo de Michel Temer (MDB), mas teria sido usado ilegalmente na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
A suspeita é de que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores, outros políticos e jornalistas tenham sido monitorados.
Segundo as investigações, a “necessidade” de monitorar essas pessoas era criada sem qualquer lastro técnico e sem autorização judicial.
A aplicação criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados. Os agentes da PF identificaram mais de 30 mil usos ilegais do software.
Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da Abin que respondiam a processo administrativo disciplinar. Ambos foram presos na fase anterior da operação.
De acordo com os investigadores, esses servidores teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão.