A Sessão Plenária desta quarta-feira (19/3), na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), teve como assuntos principais a falta de pavimentação da rodovia BR-319, segurança pública e repúdio à violência política de gênero. O debate foi marcado por discursos de parlamentares, que cobraram ações do governo estadual e federal para resolver problemas estruturais e sociais que afetam a população amazonense.
Durante seu pronunciamento, o deputado Comandante Dan (Podemos) repercutiu pesquisa que aponta que apenas 11% dos cidadãos do Amazonas se sentem seguros. “Nos últimos tempos, temos observado que os indicadores de violência do Estado do Amazonas têm mostrado sinais de contenção e redução. Precisamos reconhecer os avanços alcançados e os resultados apresentados”, afirmou.
Comandante Dan informou, ainda, que apresentou um Projeto de Resolução Legislativa (PRL) para criar o Observatório da Segurança Pública, que está em fase final de implementação. “Em diálogo com o nosso presidente, deputado Roberto Cidade (UB), compreendemos a necessidade de efetivar esse observatório nesta Casa para que possamos, com a participação de acadêmicos e especialistas, debater questões relacionadas à segurança; tranquilidade e salubridade pública. Dessa forma, poderemos contribuir para a discussão e análise das estatísticas do Estado, buscando um entendimento mais preciso sobre os dados apresentados”, explicou o deputado.
Violência política
A deputada Alessandra Campelo (Podemos) criticou duramente o que chamou de pronunciamento do senador amazonense Plínio Valério (PSDB), durante discurso na Federação do Comércio do Amazonas (Fecomércio/AM), no qual falou em enforcar a ministra do Meio Ambiente Marina Silva. “Imaginei que ele pediria desculpas, ao contrário, disse depois que não poderia ser considerado machista porque é casado com uma mulher e pai de mulheres, como se isso fosse uma licença para falar qualquer coisa, tirar qualquer tipo de brincadeira”, lamentou.
De acordo com a deputada, esse tipo de fala não se pode fazer nem de brincadeira. “A cada 10 minutos tem uma mulher nesse planeta sendo assassinada pelo seu companheiro. E se o senador Plínio Valério não sabe, grande parte delas é estrangulada, enforcada. Ontem mesmo atendi uma mãe cuja filha foi morta estrangulada pelo marido. Foi feminicídio e, com certeza, ela não considera brincadeira falar em enforcar alguém”, lamentou.
No mesmo assunto, a deputada Joana Darc (UB) reiterou o que a deputada Alessandra Campelo havia comentado e manifestou seu repúdio ao que chamou de falas que normalizam a violência política de gênero nos espaços de poder. “Não é apenas pela fala do senador Plínio Valério, mas porque é algo que me causa muita dor, porque já fui vítima desse tipo de violência. Quando comecei minha vida política na Câmara Municipal de Manaus, tive meu microfone desligado quando eu estava em Tribuna e a sessão encerrada. Logo em seguida tive por várias vezes as falas deturpadas”, relembrou.
BR-319
O deputado João Luiz (Republicanos) mais uma vez criticou a falta de pavimentação da rodovia BR-319 e questionou a permissão da construção de uma nova rodovia de quatro faixas, com 13 quilômetros de extensão, que está sendo aberta no estado do Pará.
“As licenças ambientais para a construção da Avenida da Liberdade, que também está sendo construída para facilitar o acesso à COP-30, já foram todas liberadas. Essa avenida está em fase final de licenciamento ambiental e de elaboração técnica, atravessando uma área de proteção ambiental, impactando vegetação nativa e um dos ecossistemas mais ricos da região”, comentou.
“Os moradores e agricultores locais estão desesperados, pois diversas plantações de açaí, castanha e outros produtos do extrativismo estão sendo destruídas. Esse desmatamento não atende à população local, mas sim interesses de logística e fluxo de transporte para a COP-30. O impacto é gigantesco: muitas famílias estão perdendo sua fonte de sustento, ficando sem o pão nosso de cada dia”, lamentou João Luiz.
Por outro lado, o deputado afirmou que na BR-319 a situação é completamente diferente. “Essa estrada já existe, é utilizada por caminhoneiros que transportam insumos essenciais, e sua repavimentação reduziria o custo da cesta básica no Amazonas, que hoje é superior ao do Pará. Entretanto, as licenças ambientais para essa repavimentação não são autorizadas, isso não faz sentido”, afirmou.