O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a Ucrânia não conseguirá retomar todos os seus territórios ocupados pela Rússia e afirmou que os líderes mundiais, inclusive os presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, “já sabem o que vai acontecer” para a resolução da guerra.
“Eu, sinceramente, acho que no subconsciente, ou melhor, no inconsciente de todos os líderes políticos do mundo, todo mundo sabe o que vai acontecer” no fim da guerra, ele acrescentou.
“Todo mundo sabe que as condições do acordo já estão colocadas. O que está faltando é coragem das pessoas dizerem o que querem”, afirmou ele, antes de perguntar: “Vocês acham que o Putin vai sair da Crimeia?”
E o próprio líder brasileiro respondeu: “nem ele quer sair, nem o Zelensky, quer perceber que a outra parte já invadiu e que ainda não tomou definitivamente”.
Perguntado diretamente pela CNN Brasil sobre o que ele concretamente achava que iria acontecer, Lula brincou que não poderia responder “porque eu sou da América do Sul, não vou dar palpite sobre uma coisa tão séria”.
Mas reafirmou: “Eu tenho a convicção que todos os presidentes, os europeus, sobretudo os europeus, os Estados Unidos, o Putin e o Zelensky sabem o que está para acontecer”.
Lula disse ainda acreditar que um acordo entre os dois líderes em guerra está mais próximo do que parece, mas afirmou que tanto Putin como Zelensky “tem dificuldades para explicar para os seus próprios povos os seus limites”.
“Ninguém vai ter tudo o que quer. As pessoas vão ficar com aquilo que é possível de conquistar. A vida é assim. Na nossa relação humana e na nossa relação política”, acrescentou.
“É duro você acreditar numa coisa e depois perceber que não é aquilo que vai acontecer, que você não vai conseguir aquilo que você quer, que você vai conseguir um pedaço”, disse Lula.
A Rússia anexou ilegalmente quatro territórios invadidos, além da península da Crimeia, ocupada desde 2014.
O governo ucraniano, no entanto, continua insistindo que não vai abrir mão de forma alguma de quase 20% de seu território, proposta também considerada inaceitável por vários países do mundo, especialmente os europeus.
Nova proposta de negociação
O presidente brasileiro também fez uma nova proposta de negociação para tentar resolver o conflito.
Ele sugeriu a criação de um grupo de nações emergentes liderados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que visitaria ambos os países, conversaria tanto com Putin como com Zelensky e proporia as condições para o fim da guerra.
Segundo Lula, ele discutiu a ideia com o presidente da França, Emmanuel Macron, durante sua visita de Estado ao país.
Segundo ele, essa seria a melhor forma de auxiliar ambos os países a chegarem a um acordo.
“Se os dois não estão em condições de dizer o que querem, eu acho que alguém de fora poderia dizer o que querem. Agora, isso é possível fazer se houver o consentimento dos dois, porque ninguém vai ficar, sabe, fazendo as coisas se os dois não fizerem”, afirmou.
Lula disse que isso também ajudaria porque seriam negociadores diferentes envolvidos no processo.
Ele afirmou que ninguém conseguirá atingir todos os seus objetivos na guerra, nem a Rússia e nem os ucranianos.
“Nem 100% a posição do Zelensky, nem 100% a posição do Putin, é 100% daquilo que for possível, é simples”, o presidente explicou.