Pela primeira vez desde 1991, a Região Norte do Brasil registrou saldo migratório negativo, ou seja, mais pessoas deixaram os estados da região do que chegaram. O Amazonas aparece como o sétimo estado do país com maior perda populacional por migração, segundo dados preliminares do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira (27).
Para chegar ao saldo, os pesquisadores do Censo perguntaram onde a pessoa morava em 31 de julho de 2017, cinco anos antes da data de referência (2022). A partir dessa resposta, o IBGE calculou os fluxos migratórios por estado. As estimativas têm base na amostra do Censo, aplicada a 10,6% dos domicílios do país — cerca de 7,8 milhões de entrevistas —, e os resultados são preliminares.
No caso do Amazonas, o levantamento mostra que o estado recebeu 45.789 imigrantes, pessoas que passaram a residir no estado após viverem em outro lugar do Brasil, mas perdeu 92.147 moradores para outros estados. O saldo migratório foi negativo em 46.358 pessoas, o que representa uma taxa líquida de -1,18%.
Esse resultado coloca o Amazonas atrás apenas de estados como Rio de Janeiro, Maranhão, Distrito Federal, Pará, São Paulo e Rio Grande do Sul no ranking das maiores perdas populacionais por migração no país.
Quem ganhou e quem perdeu população entre os estados — Foto: Artes/g1
Apesar da perda populacional, o Amazonas segue atraindo moradores, especialmente de estados vizinhos. Do total de imigrantes que chegaram ao estado entre 2017 e 2022, 22,1% vieram do Pará, principal origem dos novos moradores, seguido por Rondônia (15,7%) e Rio de Janeiro (10,4%).
O Censo também revelou que 43,7% das pessoas que residem atualmente no Amazonas e nasceram em outro estado são naturais do Pará. Maranhenses representam 8% e acrianos, 7,7% do total de migrantes vivendo no território amazonense.
Amazonas também exporta população
Ao mesmo tempo em que recebe moradores de outros estados, o Amazonas também exporta população, principalmente para o próprio Norte do país. Do total de amazonenses que deixaram o estado e passaram a viver em outras Unidades da Federação, 16,5% foram para o Pará, 13,4% para Rondônia e 10,9% para Roraima.
Além do movimento interno dentro da própria Região Norte, o levantamento identificou um fluxo significativo de pessoas do Norte para o Sul do Brasil, com Santa Catarina e Paraná aparecendo como destinos frequentes dos emigrantes da Amazônia.
Mudança no padrão histórico da Região Norte
Os dados do Censo mostram uma mudança inédita no perfil migratório da Região Norte. Historicamente conhecida por receber migrantes, a região registrou pela primeira vez saldo migratório negativo. Foram 432 mil pessoas que deixaram os estados do Norte entre 2017 e 2022, enquanto 231 mil chegaram de outras regiões do Brasil.
No Amazonas, a população atual é de quase 3,9 milhões de habitantes, sendo que 349.224 pessoas nasceram em outros estados e hoje vivem no território amazonense. Por outro lado, 268.813 naturais do Amazonas moram fora do estado.
Outro dado que chama atenção é o aumento do número de estrangeiros na região. Em 2022, 0,9% da população da Região Norte era formada por imigrantes internacionais, o maior percentual do país, em comparação aos 0,2% registrados em 2010.