O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que uma proposta de paz sino-brasileira para o fim da guerra na Ucrânia é “destrutiva” e serve simplesmente como uma “declaração política” em entrevista publicada na quarta-feira (11) pelo portal Metrópoles.
“Não nos perguntaram nada. E a Rússia aparece e diz que apoia a proposta do Brasil e da China. Nós não somos tolos. Pra que serve esse teatro? Ou seja, vocês falaram com a Rússia sobre uma iniciativa, apresentaram esta iniciativa e disseram: ‘essa é a nossa proposta’. Bem, definitivamente não se trata de justiça, não se trata de valores. Definitivamente é uma falta de respeito à Ucrânia. Não somos tolos”, afirmou Zelensky.
Na entrevista, o presidente ucraniano ainda afirmou que o Brasil seria pró-Rússia. E que não seria necessário fortalecer a posição ucraniana antes de qualquer negociação futura para o fim da guerra.
“Eu disse a Lula e ao lado chinês: ‘vamos sentar juntos, vamos conversar’. Voces não são nossos inimigos. Por que você de repente decidiu que deveria ficar ao lado da Rússia? Ou estar em algum lugar no meio? Qual é esse ponto de vista? No meio do quê? Não estamos lutando no meio. Não estamos lutando na fronteira. Estamos lutando nas nossas terras. Devemos parar os russos”, finalizou Zelensky.
Brasília e Pequim apresentam proposta
A proposta citada por Zelensky na entrevista surgiu em maio, quando o Brasil e a China apresentaram uma série de medidas com o objetivo de “desescalar o conflito”.
O texto propõe a negociação direta entre a Ucrânia e a Rússia a partir de três princípios: não expansão do campo de batalha; não escalada dos combates; e a não inflamação da situação.
O Itamaraty e a chancelaria china ainda pedem pelo fim do bombardeamento da infraestrutura civil e determinação de uma zona segura entorno de usinas nucleares nos dois lados da fronteira.
Na quinta-feira passada (5), Putin afirmou que o Brasil, a China e a Índia poderiam mediar as negociações pelo fim do conflito. Ao mesmo tempo, militares de alta patente do exército russo afirmaram que não haveria qualquer negociação enquanto as forças ucranianas ocupassem a região fronteiriça de Kursk.