Rússia e Ucrânia concordaram em devolver uma à outra um total de nove crianças para serem reunidas com familiares, segundo um alto funcionário russo, na mais recente troca humanitária entre os países em guerra.
As transferências foram acordadas após mediação do Catar, que atuou em vários acordos semelhantes desde o início da guerra em fevereiro de 2022.
A comissária russa para crianças, Maria Lvova-Belova, relatou nesta quinta-feira (28) que seis meninos e uma menina, de seis a 16 anos, estavam sendo devolvidos a parentes na Ucrânia.
“A maioria das crianças vivia na Rússia com parentes próximos, principalmente com suas avós. Um menino, de 16 anos, que havia sido deixado sem cuidados parentais desde o nascimento, estava no orfanato Aleshkinsky. Seu irmão assumiu a custódia da criança”, disse ela.
Segundo Lvova-Belova, as crianças possuem histórias muito diferentes. “Algumas são especialmente dramáticas, como o caso dos pais de um menino de 12 anos que se divorciaram e, neste ano, a mãe morreu. Agora, o menino irá ficar com o pai na Ucrânia.”
A comissária declarou na quarta-feira (27) que a mediação do Catar também permitiu a repatriação de dois meninos russos, de sete e nove anos.
Ela afirmou que o menino mais velho estava se reunindo com a mãe, após viver com o pai e a avó na Ucrânia, desde 2019.
O mais novo estava retornando para o pai após a morte da mãe, que o levou para a Ucrânia em 2020.
Lvova-Belova não informou como a maioria das crianças chegou à Rússia.
A Ucrânia diz que cerca de 20 mil crianças foram levadas para a Rússia ou para territórios ocupados pela Rússia sem o consentimento da família, ou de responsáveis, desde o início da guerra, chamando de sequestros de um crime de guerra que atende à definição de genocídio do tratado da ONU.
Moscou alega que protegeu crianças vulneráveis da zona de guerra.
Em março de 2023, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão para a comissária e o presidente Vladimir Putin relacionados ao sequestro de crianças ucranianas.
A Rússia denunciou os mandados como “ultrajantes e inaceitáveis”.
Entenda a Guerra entre Rússia e Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin. Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada.
A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.
Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.
As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.
O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.
O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.