O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a ameaçar o bloco econômico Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos — países considerados “aparentemente hostis” pelo norte-americano, que consideram a possibilidade de adotar uma moeda própria.
Trump prometeu “tarifas de 100%” sobre estes países caso o Brics não se curve aos interesses comerciais dos EUA.
Na plataforma Truth Social, o presidente norte-americano enviou um duro recado aos integrantes do bloco: “Não há chance de que os Brics substituam o dólar americano no comércio internacional ou em qualquer outro lugar. E qualquer país que tente, deve dizer ‘olá às tarifas e adeus à América’”.
O presidente exigiu o compromisso de que o bloco não irá substituir o dólar em transações comerciais.
“A ideia de que os países Brics estão tentando se afastar do dólar, enquanto ficamos parados e assistimos, acabou”, escreveu o presidente. Caso o bloco não se comprometa a usar a moeda americana, “enfrentarão tarifas de 100% e devem esperar dizer adeus à venda para a maravilhosa economia dos EUA”.
O que está acontecendo?
- Em outubro de 2024, durante reunião de cúpula do bloco em Kazan, na Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a criação de uma alternativa ao dólar para comércio entre os países do bloco Brics.
- Na mesma cúpula, Vladimir Putin, presidente da Rússia, assinalou que a criação de uma moeda para o bloco ainda não era uma ideia “madura”.
- Já em novembro, Donald Trump, já eleito presidente dos EUA, ameaçou o Brics. “Pedimos que se comprometam […] a não criar nunca uma nova moeda do Brics, e a não apoiar nenhuma outra moeda para substituir o possante dólar americano, ou enfrentarão tarifas de 100%”, escreveu na época.
- Nessa quinta-feira (30/1), Lula prometeu que agirá com reciprocidade se o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, decidir taxar produtos brasileiros.
A nova fala de Trump contra o Brics acontece apenas um dia após o presidente afirmar que vai impor tarifas de 25% sobre importações do Canadá e México — conterrâneos da América do Norte — a partir deste sábado (1°/2).
“Haverá reciprocidade”
Durante a primeira conversa com a imprensa de 2024, o presidente Lula prometeu que agirá com reciprocidade se o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, decidir taxar produtos brasileiros.
“É muito simples. Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos dos Estados Unidos”, explicou.
Conforme o presidente brasileiro, não há previsão para encontros oficiais entre os dois chefes de Estado no momento.
“Mandei uma carta pra ele dizendo que espero que ele tenha uma boa governança, se isso acontecer está de bom tamanho”, disse Lula, que reforçou que Trump precisa respeitar a soberania de outros países.