As vendas varejistas no Brasil apresentaram recuo em janeiro pelo terceiro mês consecutivo, ainda que tenham ficado um pouco acima do esperado, iniciando um ano marcado por taxa de juros elevada, aperto das condições de crédito e expectativa de desaceleração econômica.
Em janeiro, as vendas no varejo registraram queda de 0,1% sobre o mês anterior, em resultado que foi um pouco melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de retração de 0,2%.
Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram ainda que o setor teve avanço de 3,1% na comparação com mesmo mês do ano anterior, contra projeção de ganho de 1,9%.
“O comércio mudou sua trajetória após atingir o pico em outubro. Massa de rendimento e emprego começaram o ano caindo, e a inflação mais alta é outro fator para frear o comércio ao longo dos últimos três meses”, destacou Cristiano dos Santos, gerente da pesquisa no IBGE.
Após um ano positivo com forte crescimento em 2024, analistas preveem um cenário mais desafiador agora para os varejistas nacionais, citando principalmente a perspectiva de aperto nas condições de crédito.
Embora um mercado de trabalho aquecido e o aumento da massa salarial ainda devam sustentar o consumo das famílias, juros e inflação elevados tendem a pesar.
Em 2024, os dados do PIB mostraram que o consumo das famílias teve crescimento de 4,8%.
O Banco Central elevou a Selic a 13,25% e já apontou novo aumento de 1 ponto percentual na próxima semana. Os efeitos defasados do aperto monetário e a perspectiva de que os juros básicos se mantenham em patamar elevado já começam a se refletir na economia, impactando segmentos mais dependentes de crédito.
Entre as oito atividades pesquisadas na pesquisa do IBGE sobre o varejo, quatro tiveram redução nas vendas em janeiro: Tecidos, vestuário e calçados (-0,1%); Móveis e eletrodomésticos (-0,2%); Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,4%); e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-3,4%).
Por outro lado, registraram altas Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (5,3%); Combustíveis e lubrificantes (1,2%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,7%); e Livros, jornais, revistas e papelaria (0,6%).
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve alta de 2,3% nas vendas, com destaque para o aumento de 4,8% em veículos.