Estamos no segundo turno do Barezão, e a intensidade das partidas só aumenta, nossas individualidades de estar no meio da selva amazônica acaba exigindo ainda mais dos atletas em termos de condicionamento físico, recuperação eficiente e estratégias para evitar lesões. Como médico do Manauara Esporte Clube, tenho acompanho a importância da tecnologia na preparação e no cuidado dos jogadores.
Nos últimos anos, a inovação vem desempenhando um papel quase indispensável na prevenção de lesões, o monitoramento da saúde e na personalização dos treinos e da recuperação dos atletas de alto rendimento não são mais vistos como gastos… são vistos como investimento! Até porque todos sabemos que o melhor ativo de um clube são seus atletas.
É cada vez mais comum ver jogadores que antes eram considerados “velhos” para o esporte continuarem performando em alto nível. Você conhece as ferramentas tecnológicas que estão sendo usadas para melhorar a longevidade e o desempenho dos atletas? Como clubes e seleções utilizam sensores, inteligência artificial e realidade aumentada para reduzir o risco de lesões e acelerar a recuperação? O Vanguarda do Norte (@vanguardadonorte) colheu dúvidas dos leitores, que agora vamos esclarecer.
Vanguarda do Norte: Como a tecnologia tem ajudado a prevenir lesões no futebol?
Dr. Ricardo Amaral Filho: A combinação do uso de sensores, de análise de dados e inteligência artificial tem revolucionado a forma como os clubes monitoram a fadiga muscular, os padrões de movimento e a carga de treino. Sensores GPS e câmeras com tecnologia de alta velocidade identificam assimetrias e sobrecargas, permitindo que o departamento médico e de performance com os preparadores físicos ajustem os treinos evitando lesões.
Estudo publicado no British Journal of Sports Medicine mostrou que clubes que utilizam análise biomecânica em tempo real conseguiram reduzir lesões musculares em até 40% durante a temporada . Tendo em vista que o atleta é o maior ativo dos clubes, usar recursos com tecnologia é investimento e não mais gastos.
VDN: O monitoramento da carga de treino reduzir lesões?
Dr. Amaral Filho: Sim! Todas evidências mostram que os maiores fatores de risco para
lesões no futebol é a sobrecarga muscular e articular. O uso de dispositivos vestíveis
(wearables), treinadores e comissão técnica, conseguem monitorar a distância
percorrida, a velocidade, as acelerações e o impacto das jogadas de maneira individual.
Diversos estudos já mostraram que jogadores com um controle rigoroso de carga de
treino apresentam menor incidência de lesões musculares e maior tempo de
recuperação entre jogos .
VDN: Como a inteligência artificial pode prever lesões em jogadores de futebol?
Dr. Amaral Filho: A inteligência artificial é usada para analisar grandes volumes de dados e identificar padrões de risco que podem levar a lesões. Algoritmos treinados conseguem prever quando um jogador está se aproximando de um limite perigoso de fadiga e alertam a equipe médica, performance para realizar ajustes na carga de treino. O trabalho é multidisciplinar da leitura a interpretação e decisões de ação.
Um estudo publicado no Journal of Sports Sciences mostra que modelos de IA
corretamente ajustados podem prever lesões com 85% de precisão, permitindo ações
preventivas antes que o problema se agrave.
VDN: Como a tecnologia auxilia no retorno de jogadores após lesões?
Dr. Amaral Filho: A reabilitação pós-lesão no futebol evoluiu muito! Lesões mais graves como o grande ídolo do futebol brasileiro Zico sofreu hoje se reabilitam tudo isto além da evolução das técnicas e da ciência a tecnologia vem trazendo vários benefícios como:
– Plataformas de análise biomecânica: servem para avaliar o movimento dos jogadores em tempo real, ajudando a corrigir padrões errados antes do retorno ao campo.
– Realidade virtual: Utilizada para simular cenários de jogo, permitindo que os atletas treinem sua capacidade de decisão sem risco de impacto.
– Monitoramento de força muscular: Equipamentos como o NordBord avaliam a recuperação dos músculos posteriores da coxa, reduzindo o risco de novas lesões.
Essas e tantas outras ferramentas aceleram a recuperação e garantem que os jogadores
retornem com menor risco de reincidência.
VDN: Como a crioterapia e outros métodos avançados de recuperação auxiliam no
futebol?
Dr. Amaral Filho: A recuperação rápida entre jogos é fundamental para manter a
performance dos atletas alguns métodos usados no futebol:
– Crioterapia de corpo inteiro (câmaras de resfriamento extremo para reduzir
inflamações).
– Câmaras hiperbáricas (oxigenação em alta pressão para acelerar a recuperação
muscular).
– Eletroestimulação neuromuscular (uso de impulsos elétricos para ativar músculos e
acelerar a regeneração).
Estudos demonstram que esses métodos reduzem dores musculares em até 30% e
melhoram a recuperação pós-jogo.
VDN: O uso da tecnologia pode evitar problemas cardíacos em jogadores?
Dr. Amaral Filho: Sim. O monitoramento cardíaco é uma das áreas mais beneficiadas pela tecnologia no futebol. Dispositivos portáteis acompanham frequência cardíaca, variabilidade do ritmo e sinais de fadiga cardiovascular, a análise desses dados tem sido essencial na detecção precoce de arritmias e outros problemas cardíacos em atletas, diminuindo riscos de eventos súbitos em campo. Estudo do American Journal of Cardiology traz que monitoramento regular pode detectar anomalias de até 90% de precisão, permitindo intervenção precoce. Existe a possibilidade de durante o jogo acompanhar e inclusive substituir o atleta preventivamente.
VDN: A nutrição esportiva está sendo mudando com tecnologia?
Dr. Amaral Filho: A nutrição tem um impacto direto na recuperação e no desempenho de todo atleta e os jogadores de futebol tem cargas muito intensas durante as partidas necessitando individualizar as necessidades e assim poderem atingir sua melhor performance. Sensores biométricos analisam níveis de hidratação, glicose e minerais em tempo real, permitindo ajustes individual na alimentação dos atletas.
Também existem, softwares de análise nutricional que cruzam dados de treino com recomendações alimentares para otimizar a recuperação muscular e garantir o equilíbrio energético dos jogadores.
VDN: A tecnologia pode ajudar a melhorar o sono e a recuperação dos atletas?
Dr. Amaral Filho: Sim! O sono é um dos fatores mais críticos para a recuperação e longevidade de um jogador. Dispositivos vestíveis e aplicativos de monitoramento do sono analisam ciclos de sono, qualidade do descanso e padrões de recuperação neuromuscular.
Estudos mostraram que atletas que seguem um monitoramento rigoroso do sono tem melhora de 15% no desempenho físico e mental nos treinos e jogos.
VDN: Como a análise de dados pode prevenir o overtraining no futebol?
Dr. Amaral Filho: O overtraining pode comprometer não apenas o desempenho, mas também a saúde dos jogadores. Softwares de análise de desempenho analisam métricas de fadiga muscular, com dados cardíacos e recuperação pós-treino para evitar sobrecarga desnecessária.
VDN: Qual o futuro da tecnologia na prevenção de lesões no futebol?
Dr Amaral Filho: O futuro é da biotecnologia avançada e personalização total de treinos
e da recuperação. Pesquisas em genética esportiva nos levam a pensar existir
possibilidades que a resposta ao treinamento pode ser influenciada pelo DNA do atleta,
permitindo um ajuste ainda mais fino das rotinas de treino. Também o uso de inteligência artificial para análise em tempo real durante as partidas pode alertar automaticamente treinadores e comissão técnica sobre a necessidade de substituições antes que um jogador sofra uma lesão.
A tecnologia vem transformando a forma de como os jogadores são cuidados e
preparados. Sensores, inteligência artificial, realidade virtual e análise de dados são
uma realidade! Indiscutível descordar que eles nos permitem prevenir lesões,
personalizar treinos e melhorar a recuperação dos atletas.
Com as inovações, os jogadores podem ter carreiras mais longas e saudáveis, reduzindo
os riscos associados à alta intensidade no esporte. O futuro do futebol está cada vez
mais baseado na ciência e na inovação, garantindo que o desempenho físico e a saúde
dos atletas estejam bem para que possam fazer o espetáculo em campo.
Dr. Ricardo Amaral Filho (@amaralfilho)
Mestre em Educação e Saúde | Médico de Família e Comunidade | Medicina do Esporte.