Em agosto, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) recuou 0,11%, após subir 0,26% no mês anterior. O índice, que mede a inflação oficial do Brasil, foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (10).
Este foi o primeiro resultado negativo desde agosto de 2024 (-0,02%) e o mais intenso desde setembro de 2022 (-0,29%). Essa também é a primeira deflação registrada em 2025.
No ano, o IPCA acumula alta de 3,15% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,13%, abaixo dos 5,23% dos 12 meses imediatamente anteriores.
Economistas consultados em pesquisa da Reuters previam deflação de 0,15% em agosto, com o IPCA acumulando alta de 5,09% em 12 meses.
O novo dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística chega a uma semana da próxima reunião de política monetária do BC, em meio a expectativa quase consensual no mercado de que a autarquia manterá a Selic em 15% pela segunda reunião consecutiva.
Energia, alimentos e transportes
O recuo do índice era esperado em parte em função da incorporação em agosto do chamado Bônus de Itaipu, valor creditado na conta dos consumidores uma vez por ano a depender da apuração do saldo registrado na comercialização da energia da usina hidrelétrica no ano anterior.
Por conta do bônus, os preços da energia elétrica residencial recuaram 4,21% em agosto, com o crédito extraordinário compensando o efeito da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que traz custos adicionais às contas de luz. Passado esse efeito do bônus, a tendência é de um repique na inflação de energia.
Os preços de alimentos também seguiram com comportamento benigno no mês, com o grupo alimentação e bebidas, que tem maior peso no IPCA, caindo 0,46% em agosto. Foi o terceiro mês seguido de recuo, após quedas de 0,27% em julho e 0,18% em junho.
O IBGE também destacou o recuo dos preços no grupo transportes, de 0,27%, refletindo a queda dos combustíveis (-0,89%) e das passagens aéreas (-2,44%).
Ainda assim, a inflação segue acima da meta do BC de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Decisão do Copom
O Comitê de Política Monetária do banco se reunirá na próxima semana para deliberar sobre os juros, após ter interrompido o ciclo de alta da Selic na reunião anterior, em julho, e anunciado a intenção de manter a taxa em 15% por tempo “bastante prolongado”.
Na ocasião, o BC citou as expectativas de inflação desancoradas, resiliência da atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, além dos anúncios de tarifas comerciais mais elevadas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, o que segundo a autoridade monetária, reforçaria a postura de cautela em meio às incertezas.
As tarifas de 50% sobre parcela dos produtos exportados pelo Brasil para os EUA entraram em vigor no início de agosto.

