Uganda – O Parlamento de Uganda aprovou na noite da última terça-feira (21), um projeto de lei anti-LGBTQIA+, que torna relações homossexuais puníveis com a morte e criminaliza ainda, a identificação com qualquer letra da sigla. A medida atraiu forte condenação de ativistas de direitos humanos.
Apenas dois dos 389 legisladores, votaram contra o projeto radical, que introduz a pena capital e prisão perpétua para quem faça “sexo gay” e o que o texto chama de “recrutamento, promoção e financiamento” de “atividades do mesmo sexo”.
“Ganha o sim”, anunciou a presidente da Câmara, Annet Anita Among, após o voto final, destacando que “a lei foi aprovada em tempo recorde”.
Na Uganda, o homossexualismo já é proibido e os deputados emendaram consideravelmente o texto inicial do PL, que previa penas de até dez anos de prisão para pessoas que praticavam atos considerados homossexuais ou se reivindicaram como parte da comunidade LGBTQIA+.
A lei deve ser agora sancionada pelo presidente Yoweri Museveni. Esta votação ocorre em Uganda em plena onda de homofobia na África Oriental, onde a homossexualidade é ilegal e, com frequência, considerada um crime.
Homossexualidade é ilegal
Na semana passada, o presidente Musevini, no poder desde 1986, qualificou os homossexuais como “desviados”. Poucos dias depois, a polícia ugandesa deteve seis pessoas por “prática homossexual”.
Ainda, no mês passado, Musevini disse que Uganda não abraçará a homossexualidade, alegando que o Ocidente está tentando “obrigar” outros países a “normalizar desvios”.
“Os países ocidentais devem parar de desperdiçar o tempo da humanidade tentando impor suas práticas a outras pessoas”, disse em um discurso televisionado. “Homossexuais são desvios do normal. Por que? Precisamos de uma opinião médica sobre isso”,
acrescentou.
A medida é apenas a mais recente de uma série de ataques aos direitos LGBTQIA+ na África, onde a homossexualidade é ilegal na maioria dos países. Em Uganda, um país cristão amplamente conservador, sexo gay já era punível com prisão perpétua.
Somente em fevereiro, mais de 110 pessoas LGBTQIA+ em Uganda relataram incidentes, incluindo prisões, violência sexual, despejos e nudez pública ao grupo de defesa Minorias Sexuais de Uganda (Smug). “Pessoas trans são atacadas de forma desproporcionalmente alta”, disse o grupo.
Uganda tem uma legislação anti-homossexualidade rigorosa, herança das leis coloniais britânicas, embora desde sua independência, em 1962, não tenham sido apresentadas condenações por práticas sexuais consensuais entre pessoas do mesmo sexo.
Em 2014, a tentativa de aprovar uma lei que previa penas de prisão perpétua para esse tipo de relação foi bloqueada em última instância pela justiça ugandesa.
*Com informações do Estadão