Manaus (AM) – Por anos, o comando da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) segue sendo uma questão partidária, usado no jogo político para fazer ou fortalecer alianças entre os partidos e governos. Com isso ficam de lado, critérios técnicos para a escolha.
Conforme os bastidores da política, o líder da Bancada do Amazonas no Congresso Federal Omar Aziz, aliado do presidente Lula, indicou para o comando da o ex-deputado federal Bosco Saraiva (Solidariedade), para ficar à frente do órgão, a fim de ampliar as alianças de Lula com partidos aliados e também com partidos de oposição. A escolha foi referendada, segundo Omar, pela bancada do Estado no Congresso.
No entanto, conforme fontes disseram à Vanguarda do Norte, o nome de Bosco não foi aceito de forma unânime entre os parlamentares, mas como o indicado para a Superintendência deve sair do Solidariedade, a bancada prefere que seja do Amazonas, por isso, Bosco acabou sendo aceito.
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Apesar da indicação, o nome de Bõsco ainda não recebeu o aval de Lula e o órgão segue sem um titular definido, emboera o último superintendente tenha deixado o cargo no dia 28 de dezembro do ano passado. O especialista político Carlos Santiago disse à reportagem que a escolha de um nome devia seguir os critérios técnicos. Para ele deveria ser alguém que conheça a indústria, comércio e que entenda de relações internacionais por conta da grandiosidade da Zona Franca, que representa o setor econômico da região Norte e para o Brasil.
Santiago ressalta que esse critério não é levado em consideração uma vez que a nomeação é feita visando os interesses políticos de governos e dos próprios parlamentares.
“Nem sempre essa escolha segue um critério técnico. Geralmente, são escolhidos amigos dos ministros ou do presidente da República e quase sempre é uma indicação dos ‘caciques locais’ como uma forma de ampliar o poder e controlar uma Superintendência tão importante para a região e estado”,
ressaltou o especialista.
Vale frisar, que os dois últimos superintendentes que foram indicados pelo ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), eram militares de carreira e não tinham formação “especializadas” para estar à frente do cargo.
Divergências
Após a indicação de Bosco, o assunto gerou divergências entre entidades e órgão do Estado, que se opõem à escolha do nome e indicam que a melhor opção seria Zé Ricardo (PT).
Conforme nota divulgada pela assessoria do ex-deputado federal, Zé Ricardo “recebeu o apoio da bancada do PT, da liderança do partido na Câmara Federal, do deputado Zeca Dirceu”.
Zé Ricardo que compôs o Grupo de Trabalho (GT) de Desenvolvimento Regional durante a transição do governo Lula, afirmou à nossa reportagem que seu nome continua à disposição do governo.
“Eu defendo que seja feito logo essa escolha pela importância da Zona Franca para região e para o Brasil. E que seja uma pessoa da região, que conheça nossa realidade e as necessidades do órgão, que tenha uma interlocução técnica e política, para favorecer a Suframa e a economia do Estado”,
ressaltou.
Diferenças regionais
O economista Orígenes Martins, analisou que a Reforma Tributária é uma necessidade, uma vez que é preciso diminuir o número de tributos que se paga no país, mas tem que ser levado em consideração as necessidades de cada região, como ocorre na ZFM. Conforme Orígenes, “é preciso respeitar as diferenças regionais que envolve todo processo produtivo brasileiro”, destacou.
Vale frisar que o modelo econômico da ZFM é voltado para atrair as instalações de novas empresa no Polo Industrial de Manaus (PIM), uma vez que geograficamente, a região é isolada do restante do país.
O economista destaca que quando se pensa em uma reforma, está se pensando em melhorar o processo de emprego e renda, e assim melhorar o desenvolvimento da região. “A atual proposta só vê a necessidade do Sul, Sudeste e Minas Gerais como sempre e não tratam do Nordeste e Norte do país.”
A ZFM traz um resultado monetário muito grande, mas acima de tudo mantém a floresta de pé, gera emprego para milhares de família.
Ele frisa que de uns “tempos para cá, o Governo Federal tem dado pouca importância para as necessidades da Suframa, os próprios projetos que são aprovados na entidade são projetos que não levam em conta a importância para o desenvolvimento da região”, finalizou.
De acordo com dados da Suframa, em 2022 o faturamento global foi de R$ 174,1 bilhões de 106 mil empregos e gerou mais cerca de 110 mil empregos de forma direta e indireta.
Aliado de Bolsonaro na Suframa
Indicado por Bolsonaro, Coronel Menezes (PL), assumiu o cargo em 2019, e foi o terceiro militar a ficar à frente do cargo. Ele disse à reportagem que o “poder executivo tem que acabar definitivamente com as indicações políticas, a não ser que o indicado tenha um perfil técnico e que realmente irá corroborar com o crescimento e o fortalecimento de determinada instituição”.
Menezes afirma que a Suframa tem que ser administrada por alguém que conheça a região, tenha formação superior e experiência como ordenador de despesas e não qualquer nome político que tenha sido derrotado nas urnas”, destacou, alfinetando Bosco, que não conseguiu se eleger a deputado estadual no último pleito.
Menezes defendeu a atuação de Bolsonaro em relação ZFM, no entanto, foi no governo dele que houve a redução em até 25% o Imposto sobre Produtos industrializados (IPI). Durante a gestão Bolsonaro também houve várias ameaças por parte do ministro Paulo Guedes, com ataques ao modelo econômico.
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