Manaus (AM) – Em janeiro deste ano a Prefeitura de Manaus publicou um edital que prevê a transferência de endereço da Rodoviária de Manaus, que atualmente está localizada no bairro Flores, na Zona Centro-Sul, para o Terminal de Integração de Ônibus 6 (T6), na Zona Norte.
O projeto, no entanto, gerou polêmica e virou alvo de investigação da Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), que durante uma audiência pública, na última segunda-feira (6), ouviu, além dos órgãos municipais e estaduais, trabalhadores terceirizados e permissionários da atual rodoviária.
Entre as motivações levantadas pela prefeitura, foram apontadas a intenção de reduzir o tráfego de veículos no trecho da avenida Djalma Batista, onde está a atual rodoviária, e reaproveitar a criação do T6 que desde 2021, ano da inauguração, está desativado.
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De acordo com a Defensoria Especializada em Interesses Coletivos da DPE-AM, a Prefeitura de Manaus não disponibilizou nenhum estudo de impactos socioeconômicos e não teria dado oportunidades para ouvir usuários, funcionários e permissionários da atual rodoviária.
Segundo o defensor público Carlos Almeida Filho, que assinou o documento, foi requisitado para a prefeitura e para o Instituto de Mobilidade Urbana (IMMU) informações sobre os planos de execução da obra do novo terminal rodoviário, na qual foram identificados indícios de irregularidades como:
- Ausência de estudos socioeconômicos, para avaliar os impactos da transferência na inclusão trabalhadores de outras modalidades de transporte (taxistas e motoristas de aplicativo), pois, pode haver aumento no preço das viagens;
- Adaptação dos serviços de hotelaria na área;
- Existência de espaço para conforto dos usuários;
- Possibilidade de expansão em caso de aumento da demanda;
- Ausência de ampla discussão com os trabalhadores do atual terminal.
Apontamentos de permissionários trabalhadores da atual rodoviária
Insatisfação
Ainda conforme DPE-AM, permissionários e representantes de categorias que trabalham na atual rodoviária demostraram insatisfação com a proposta de transferência.
Segundo Dulce Chaves, uma das permissionárias ouvidas, o sentimento é de incerteza e que o adequado seria investir na reforma da atual rodoviária.
“Eu trabalho no local há mais de 40 anos e não sei o que vai acontecer comigo, caso essa mudança aconteça. Eu acredito que a nossa atual rodoviária só precisa de uma reforma. É com essa renda que sustento a minha família”, disse.
De acordo com as reclamações apontadas pelos próprios permissionários e trabalhadores ao DPE-AM, estão a falta de estrutura adequada do T6 para receber o transporte intermunicipal e interestadual, a distância da possível nova rodoviária que pode encarecer setores, como o transporte/locomoção; a incerteza de atuação dos permissionários devido à falta de informação sobre continuar prestando serviço no novo endereço; e a falta de hotelaria nas proximidades do T6.
O Vanguarda do Norte entrou em contato com a Prefeitura de Manaus e com o IMMU solicitando posicionamento dos órgãos sobre essa transferência, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.
Terminal 6
Com mais de 23 mil metros quadrados, o custo da obra do terminal de integração de ônibus 6 (T6) foi de R$ 16 milhões e tinha a estimativa de atender 700 mil passageiros da Região Norte. O T6 foi inaugurado no dia 26 de dezembro de 2020, durante a gestão do ex-prefeito Arthur Virgílio Neto.
Na época da inauguração, no início do mandato, o prefeito David Almeida chegou a destacar que o T6 havia sido construído em um “local errado”, que os custos para a manutenção seriam “altíssimos” e também já havia mencionado que a estrutura seria utilizada para alocar o novo Terminal Rodoviário de Manaus.
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