Mais de 800 garrafas de bebidas alcoólicas foram apreendidas durante fiscalizações realizadas na capital paulista entre esta segunda-feira (29) e terça-feira (30) por policiais do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania, informou a Secretaria da Segurança Pública a imprensa.
As apreensões ocorrem após suspeita de venda de bebidas falsificadas e adulteradas por metanol na capital. Em São Paulo, já são pelo menos 22 casos de pessoas com intoxicação por metanol, entre suspeitos e confirmados.
O governador Tarcísio de Freitas anunciou cinco mortes relacionadas ao consumo de metanol: uma já comprovada por bebida adulterada e outras quatro em apuração.
Ainda segundo a Secretaria da Segurança Pública, os produtos foram encaminhados para análise no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica, enquanto os responsáveis pelos locais prestaram esclarecimentos na sede do Departamento.
Em Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana, a polícia apreendeu 80 garrafas de bebidas alcoólicas diversas com indícios de adulteração e falsificação em uma adega. Os proprietários do local são investigados.
Em Americana, uma ação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) resultou em duas pessoas detidas e mais de 17,7 mil bebidas apreendidas.
Inquéritos abertos
Já em relação às investigações, quatro casos suspeitos de possível intoxicação por bebida adulterada com metanol na capital paulista são investigados pela Polícia Civil pelos 16º, 48º, 57º e 78º Distritos Policiais.
Na Grande São Paulo e interior, outros quatro casos também são investigados: um registrado na Região Metropolitana, cujo consumo ocorreu em Itu, dois em São Bernardo do Campo e um em Itapecerica da Serra.
Interdições
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A Polícia Civil de São Paulo interditou nesta terça-feira (30) o bar Ministrão, na Alameda Lorena, no bairro nobre dos Jardins, na Zona Oeste de São Paulo, em que uma mulher de 43 anos consumiu bebida alcoólica que a deixou cega (leia mais abaixo).
Esta foi a primeira interdição no âmbito das operações contra a venda de bebidas falsificadas e adulteradas por metanol na capital. A operação contou com as vigilâncias sanitárias municipal e estadual, além do Procon e Polícia Civil.
O estabelecimento é um lugar de encontro de “happy hours” de pessoas que trabalham na região, além de servir almoços regularmente. O bar foi interditado por apresentar “risco iminente à saúde pública”.
Segundo Manoel Bernardes de Lara, diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, a interdição foi feita por precaução, já que o Ministrão está diretamente ligado ao caso de uma mulher que ficou cega após ingerir vodca no local.
“Se fosse questão de rotulagem, a gente conseguiria verificar, mas para uma precisão do conteúdo precisa passar por uma análise. Esse estabelecimento, como de outros municípios, está ligado diretamente a casos suspeitos de contaminação por bebidas contaminadas com metanol”, concluiu.
A imprensa tenta localizar a defesa do bar Ministrão.
Depois dele, o bar Torres, na Mooca, na Zona Leste e um estabelecimento em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, foram interditados. O nome do bar do ABC Paulista não foi divulgado.
Na segunda-feira (29), foi realizada uma força-tarefa em bares na capital e Grande São Paulo após a confirmação de mortes e casos suspeitos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas. No Ministrão, os fiscais aprenderam mais de 100 garrafas de bebidas destiladas.
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Nesta terça-feira (30), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que foram confirmadas cinco mortes por intoxicação por metanol. Uma delas já foi comprovadamente causada pelo consumo de bebida alcoólica adulterada. As outras quatro seguem sob investigação.
Em nota, o Torres informou que está “colaborando integralmente com todos os órgãos de fiscalização competentes. Todos os nossos produtos são adquiridos de distribuidores oficiais e parceiros de longa data, que sempre prestaram serviços de confiança e credibilidade ao longo da nossa trajetória”.
Como foi a operação da polícia
Nas contas da Secretaria de Saúde do estado, nesta terça foram apreendidas 112 garrafas de vodca em diferentes pontos da capital, incluindo 17 na Mooca.
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Segundo o governador, todos os estabelecimentos onde há suspeitas de intoxicação por metanol serão fechados cautelarmente para investigação do gabinete de crise criado para investigar 22 casos suspeitos de intoxicação em São Paulo.
“A partir do momento que a gente sabe que aquela bebida foi consumida naquele estabelecimento, esse local vai passar pela interdição cautelar. Não pode continuar comercializando bebidas se a gente tem uma suspeita que a bebida é fraudada”, disse Tarcísio nesta terça (30).
SP confirma 3ª morte por intoxicação por metanol em bebidas adulteradas
Segundo ele, a interdição cautelar é uma forma de o governo do estado checar a documentação do estabelecimento com dados federais e mapear a origem da bebida.
“Se [o estabelecimento] comprou e não tem uma origem comprovada, ou se tem como comprovar, a gente também vai conseguir chegar no distribuidor e, a partir dali, fazer a investigação. Se houve boa-fé, a gente consegue fazer só a interdição da bebida, só a interdição do lote, e aí o estabelecimento volta a operar com segurança”, declarou.
Ainda de acordo com Tarcísio, até o momento a Secretaria da Saúde contabiliza outros 22 casos. Desses, 17 são suspeitos e estão sob investigação e cinco já estão confirmados.
Uma das vítimas é de São Bernardo do Campo, mas consumiu bebida alcoólica na capital paulista. O advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos, morreu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória e falência de múltiplos órgãos. No atestado de óbito, os médicos colocaram que o metanol foi a causa da intoxicação.
Cliente que ficou cega após beber em bar
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A designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, que está cega por suspeita de intoxicação com metanol após o consumo de vodca em um bar de São Paulo.
Ela teve alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta segunda-feira (29) e foi encaminhada para o quarto.
Segundo a irmã dela, Lalita Domingos, ainda não há previsão de alta. “O oftalmologista entrou com tratamentos para reverter o quadro da visão, mas ela [visão] permanece comprometida. Estamos na expectativa de que algo mude.”
Ainda internada no hospital, Radharani concordou em conversar com o Fantástico e disse que os primeiros sintomas começaram após consumir bebida alcoólica durante uma comemoração de aniversário em São Paulo.
Na UTI, ela chegou a ter convulsões e precisou ser intubada. “Era uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Bebi três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada.”
Mortes em SP por intoxicação com metanol
Em São Paulo, já são pelo menos 22 casos entre suspeitos e confirmados. O governador Tarcísio de Freitas anunciou cinco mortes relacionadas ao consumo de metanol: uma já comprovada por bebida adulterada e outras quatro em apuração.
O Ministério da Saúde afirmou que, até o momento, não há sinais de novos casos. A Polícia Federal acrescentou que não foi identificada nenhuma marca ou importação específica ligada às ocorrências.
Mais de 100 garrafas apreendidas
Polícia vai a comércios com suspeita de intoxicação com metanol em SP, entre eles bar onde mulher tomou vodca e teve cegueira
Após a confirmação de mortes e casos suspeitos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, policiais, integrantes do Centro de Vigilância Sanitária do estado e da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da prefeitura realizaram uma ação de fiscalização em três bares da capital paulista localizados nos Jardins, Zona Oeste, e na Mooca, Zona Leste, na tarde desta segunda-feira (29).
Segundo o governo de SP, nos três estabelecimentos fiscalizados foram apreendidas 117 garrafas de bebidas sem rótulos e sem comprovação de procedência, que serão encaminhadas à perícia no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica. Dois estabelecimentos foram autuados por irregularidades sanitárias.
A recomendação do Centro de Vigilância Sanitária do estado de SP é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos, e que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco.
O que é metanol?
O metanol (CH₃OH) é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum.
Ele já foi chamado de “álcool da madeira”, porque antigamente era obtido pela destilação de toras. Hoje, sua produção industrial é feita principalmente a partir do gás natural.
Porém, embora seja usado em pequenas quantidades na natureza, podendo ser encontrado em frutas, vegetais e até produzido pelo corpo humano em baixíssimas doses, o metanol é altamente tóxico em concentrações elevadas.
Sintomas e atendimento
A recomendação do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos.
Os sintomas podem incluir ataxia, sedação, desinibição, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia, convulsões e visão turva, principalmente após ingestão de bebidas de procedência desconhecida.
Em caso de suspeita, é fundamental buscar atendimento médico de emergência. A população pode localizar o serviço mais próximo pela plataforma.